Quando se fala em museus de Madrid, o Prado é a associação inevitável.
No entanto, poucos sabem que a sua fundação em 19 de Novembro de 1819, se deveu à iniciativa de uma princesa portuguesa, tornada rainha de Espanha. Falo de Maria Isabel de Bragança, casada com Fernando VII de Espanha, filha de D. João VI de Portugal e da rainha Carlota Joaquina de Bourbon.
Para persuadir o marido, a rainha, com acentuada sensibilidade artística, aponta duas vantagens para o investimento: expor as abundantes e prestigiadas obras da coroa espanhola e da dinastia dos Bourbon e provar à Europa a existência de uma escola nacional de arte espanhola tão digna de mérito como as concorrentes europeias.
Isabel de Bragança apontado para o Prado |
Nesta pintura aponta para o futuro Prado! Quando a rainha faleceu prematuramente, não assistindo à sua inauguração, já se encontravam depositados no Prado 850 quadros.
Hoje o acervo deste museu engloba 8.600 pinturas representativas de todas as escolas, mais de 5.000 desenhos, 2.000 gravuras, 700 esculturas, moedas, medalhas, enfim um museu que merece uma visita semanal, grátis sala a sala desde as 18.00H até às 20.00H para grupos restritos ou desconto de 50% para maiores de 65 a qualquer hora.
Quero dizer que um dia, não é suficiente para absorver toda esta riqueza artística, com uma diversidade estilística assinalável, com exemplares que requerem uma análise com tempo e estudo prévio.
O turista atento tem a consciência de que é um museu para se ir visitando, com seleção de salas a observar isoladamente, com tempo para ler informação em pausas com um café a acompanhar... mas nem sempre é possível.
Museu do Prado, vista interior |
Logo à entrada recebe-nos a rainha Isabel de Portugal, esposa de Carlos V, dono do mundo. É uma belíssima pintura de Ticiano, realizada depois da sua morte e que acompanhou o seu apaixonado esposo no seu quatro até aos derradeiros momentos.
Isabel de Portugal, Ticiano, 1548 |
Outro quadro muito conhecido, ilustrativo de uma época negra da história espanhola: 3 de Maio de 1808 data do fuzilamento de madrilenos resistentes à invasão de Napoleão. Goya retrata com especial realismo este massacre de 44 revolucionários.
3 de Maio de 1808, Goya, 1814 |
As meninas de Velasquez é um quadro icónico deste museu. O jogo de espelhos refletindo os personagens cria um diálogo entre o observador e o pintor e temos que "ver e ouvir" o que ele tem para nos dizer.
Meninas de Velasquez, 1656
|
As "Três graças" de Rubens é uma pintura de paragem obrigatória. A avaliar pela quantidade de alunos a tentar reproduzi-la, deve ser considerada obra emblemática e pedagógica. É um tema também "tratado" por vários pintores com assinaláveis diferenças, entre os quais Canova e Botticeli... eu rendo-me ao último, embora seja um detalhe do quadro "Primavera".
Três graças de Rubens,1577-1640 |
Três graças em Primavera de Botticelli, 1445-1510 |
Outro quadro que remete para a história espanhola, no seu lado mais "romanesco" é o que ilustra o sofrimento transformado em loucura da rainha Joana que fez transportar de noite o corpo do seu amado esposo Filipe o Belo por toda a Espanha...
Rainha Joana com o corpo do marido... |
O Museu do Prado é um dos grandes museus da Europa, e como os outros traduz a riqueza de cada país num determinado período histórico, como o Louvre e o Hermitage, mas a sensação que resta é que este percurso de arte, como disse, deve ser faseado, selecionado, absorvido, analisado enfim, dar-lhe a atenção que merece.
... ainda há mais museus para descobrir, o
da Reina Sofia, merece também uma visita...