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segunda-feira, 31 de outubro de 2016

MADRID - Museu do Prado

Quando se fala em museus de Madrid, o Prado é a associação inevitável.

No entanto, poucos sabem que a sua fundação em 19 de Novembro de 1819, se deveu à iniciativa de uma princesa portuguesa, tornada rainha de Espanha. Falo de Maria Isabel de Bragança, casada com Fernando VII de Espanha, filha de D. João VI de Portugal e da rainha Carlota Joaquina de Bourbon.
Para persuadir o marido, a rainha, com acentuada sensibilidade artística, aponta duas vantagens para o investimento: expor as abundantes e prestigiadas obras da coroa espanhola e da dinastia dos Bourbon e provar à Europa a existência de uma escola nacional de arte espanhola tão digna de mérito como as concorrentes europeias. 
Isabel de Bragança apontado para o Prado

Nesta pintura aponta para o futuro Prado! Quando a rainha faleceu prematuramente, não assistindo à sua inauguração, já se encontravam depositados no Prado 850 quadros. 
Hoje o acervo deste museu engloba 8.600 pinturas representativas de todas as escolas, mais de 5.000 desenhos, 2.000 gravuras, 700 esculturas, moedas, medalhas, enfim um museu que merece uma visita semanal, grátis sala a sala desde as 18.00H até às 20.00H para grupos restritos ou desconto de 50% para maiores de 65 a qualquer hora.
Quero dizer que um dia, não é suficiente para absorver toda esta riqueza artística, com uma diversidade estilística assinalável, com exemplares que requerem uma análise com tempo e estudo prévio.
O turista atento tem a consciência de que é um museu para se ir visitando, com seleção de salas a observar isoladamente, com tempo para ler informação em pausas com um café a acompanhar... mas nem sempre é possível.
Museu do Prado, vista interior
Logo à entrada recebe-nos a rainha Isabel de Portugal, esposa de Carlos V, dono do mundo. É uma belíssima pintura de Ticiano, realizada depois da sua morte e que acompanhou o seu apaixonado esposo no seu quatro até aos derradeiros momentos. 
Isabel de Portugal, Ticiano, 1548
Outro quadro muito conhecido, ilustrativo de uma época negra da história espanhola: 3 de Maio de 1808 data do fuzilamento de madrilenos resistentes à invasão de Napoleão. Goya retrata com especial realismo este massacre de 44 revolucionários.
3 de Maio de 1808, Goya, 1814
As meninas de Velasquez é um quadro icónico deste museu. O jogo de espelhos refletindo os personagens cria um diálogo entre o observador e o pintor e temos que "ver e ouvir" o que ele tem para nos dizer.
Meninas de Velasquez, 1656
As "Três graças" de Rubens é uma pintura de paragem obrigatória. A avaliar pela quantidade de alunos a tentar reproduzi-la, deve ser considerada obra emblemática e pedagógica. É um tema também "tratado" por vários pintores com assinaláveis diferenças, entre os quais Canova e Botticeli... eu rendo-me ao último, embora seja um detalhe do quadro "Primavera".
Três graças de Rubens,1577-1640
Três graças em Primavera de Botticelli, 1445-1510
Outro quadro que remete para a história espanhola, no seu lado mais "romanesco" é o que ilustra o sofrimento transformado em loucura da rainha Joana que fez transportar de noite o corpo do seu amado esposo Filipe o Belo por toda a Espanha...
Rainha Joana com o corpo do marido...
O Museu do Prado é um dos grandes museus da Europa, e como os outros traduz a riqueza de cada país num determinado período histórico, como o Louvre e o Hermitage, mas a sensação que resta é que este percurso de arte, como disse, deve ser faseado, selecionado, absorvido, analisado enfim, dar-lhe a atenção que merece.
Museu do Prado vista exterior







... ainda há mais museus para descobrir, o da Reina Sofia, merece também uma visita...

domingo, 30 de outubro de 2016

MADRID - Mosteiro das Descalças Reais




O nome é enigmático ”descalças reais” e com imaginação daria para tema ou título de livro. 
As filhas ou irmãs de reis, rainhas e nobres de alta estirpe, com uma vida herdada de luxo e de honrarias, resolvem viver "descalças", para entrar bem noutro mundo, redimindo as suas fraquezas...
Filosofias à parte, o Mosteiro das Descalças Reais existe, literalmente no centro de Madrid, foi enriquecido com os dotes das futuras monjas e hoje tem um acervo artístico que pode ser visitado! 
Exterior do Mosteiro das Descalças Reais
Mais ainda... vivem lá hoje monjas enclausuradas e enquanto esperava pela hora de abertura do Mosteiro, perguntava-me como seria esta clausura!...

Reconheço que esta visita não estava programada o que avivou ainda mais a minha curiosidade.  Li um letreiro que falava de Joana de Áustria,  mãe de D. Sebastião, o nosso rei nevoeiro, que dizia o seguinte:

Portanto, a fundadora desde Mosteiro em 1559, transformou em lugar de recolhimento e clausura, segundo a ordem das clarissas, o palácio onde nasceu e viveu com os pais Carlos V e Isabel de Portugal.
Ficou viúva do príncipe herdeiro de Portugal, D.João Manuel, que morre prematuramente em 1554, dezoito dias antes do seu primogénito Sebastião nascer. 
Analisados os factos D. Joana, irmã do rei Filipe II de Espanha, não viveu com o seu único filho.
Recorde-se que nessa época os casamentos eram "contratados" e não raro, dentro da mesma família, como aconteceu neste caso.
Devido à morte de D. Sebastião, quem herdaria o trono de Portugal acabaria por ser D. Filipe II de Espanha que já era dono do mundo por herança!
Realmente dava um romance incluindo as loucuras do menino-rei que queria conquistar o mundo dos infiéis.
História à parte estava na hora para a visita ao Mosteiro, que só pode ser realizada com guia que explica as obras das várias salas e capelas.
Detalhe da porta de entrada
Acompanha-nos sempre um segurança para proibir fotos e evitar a dispersão do grupo.
Entre as maravilhas mostradas e infelizmente não fotografadas, começa-se por uma interessante escada com uma parede representando a família de Filipe II posicionada num camarote a ver o espetáculo das restantes paredes e o teto magistralmente pintados.


Estas são imagens importadas da internet mas recomendo vivamente uma pesquisa para visionar outras obras que tornam rico e interessante este acervo.

https://es.wikipedia.org/wiki/Monasterio_de_las_Descalzas_Reales_(Madrid)
Igualmente é possível ver algumas das 33 capelas, número representativo da idade de Cristo e é também o número máximo de religiosas que o Mosteiro pode abrigar.
A visita finaliza no museu do mosteiro onde se encontram várias imagens religiosas da escola sevilhana, assim como tapeçarias retratando os monarcas de Espanha. Também aí podemos ver talvez o mais belo óleo de D. Sebastião, o rei-menino, sonhador, idealista que perdeu tudo para os “infiéis”.
D.Joana encontrou aqui a sua última morada, onde nasceu.

Infelizmente, nem todos os recantos do mosteiro estão abertos, pois ainda aí residem 19 religiosas em clausura.
Admiravelmente, o ambiente do mosteiro/museu, no centro da cidade, é de recolhimento e não se ouve qualquer ruído exterior.
Sim, é possível a clausura neste templo de paz! 

...a visita ao Museu do Prado em Madrid cuja fundação se deveu à iniciativa de uma portuguesa, é incontornável...

ESCORIAL




Se o Palácio Real de Madrid tem um aspeto exterior imponente e monótono, o Palácio de San Lorenzo del Escorial ou Real Monasterio San Lorenzo del Escorial de Filipe II, construído entre 1563 e 1584, apresenta além disso uma austeridade difícil de compreender para morada de reis. Na realidade, o interior foi concebido como mausoléu dos reis e retiro contemplativo em plena Serra de Guadarrama, a 45Km a noroeste de Madrid. Existe ainda hoje um mosteiro de augustiniano fundado em 1571.Mas começando pelo exterior de granito, com milhares janelas iguais (2.600), e portas iguais (1.200) dá a sensação que este Palácio/Mosteiro não tem fim.
Vista exterior do Palácio/Mosteiro do Escorial
É absolutamente grande, imenso, estruturado com uma rígida geometria, que serve para demonstrar grandeza e austeridade de acordo com o seu promotor Filipe II.
As motivações que levaram este rei a construir o Monasterio de El Escorial foram essencialmente duas: primeiro, cumprir uma promessa de construir um templo para agradecer a vitória na batalha de San Quintín contra los franceses, ocorrida em 10 de Agosto de 1557, dia de S.Lourenço. É de referir que em todas as estátuas, o santo segura uma grelha (foi queimado vivo sobre um braseiro ardente) e uma Bíblia. Encontramos também a grelha nos manípulos das portas.
Estátua de S.Lourenço
Em segundo lugar, o desejo do seu pai Rei/Imperador Carlos I (1500-1558) de Espanha e Carlos V do Império de Habsburgo, de ser enterrado ao lado da sua esposa Isabel de Portugal.
Decide então que esta obra deverá converter-se num Panteão Real da dinastia dos Áustria começando pelo seu pai e sua mãe.
Juan de Herrera foi o artífice e “criador” desta magna construção com estilo arquitetónico singular “o herreriano”. Não sei se fez escola!
Mas esta seria a “obra” de Filipe II, que acompanhou pessoalmente o desenvolvimento da edificação, apesar do vasto império que tinha para governar, uma vez que herdara em 1580 também o reino de Portugal e todas as suas dependências descobertas nos vários continentes.
Era o senhor do mundo, mas vestia-se de negro sem ostentação.
Já muito doente quis morrer aqui, num quarto sóbrio, austero, sendo transportado numa cadeira para esta última morada. A cadeira é mostrada como autentica, junto ao seu modesto leito, tendo apenas o essencial para o recolhimento espiritual nesta final de vida.
No centro desta obra ergue-se uma interessante Basílica, consagrada em 9 de Agosto de 1586. 
Exterior da Basílica do Escorial
O interesse está no altar muito trabalhado e como que dum cenário se tratasse, está ladeado por dois altares laterais onde rezam a real pessoa de Filipe II e as várias mulheres (lado de la epístola) e no lado oposto (lado do evangelho) o seu pai Carlos V e Isabel de Portugal, a grande paixão da sua vida.
Neste último altar vê-se símbolo do reino de Portugal, país de origem da rainha.
Altar mor da Basílica do Escorial
Carlos V e Isabel de Portugal rezando do lado do evangelho
Biblioteca é espetacular, com um pormenor original, as lombadas dos livros estão viradas para dentro para se ver o dourado que cobre as folhas. Tem lindos tetos renascentistas pintados com cores suaves e harmoniosas.
Na entrada, lemos uma inscrição que ameaça com pena de excomunhão, todo aquele que roube algum livro ou objeto depositado nesta sala.
Destaca-se ao centro uma esfera armilar de madeira fechada realizada em Florença por Antonio Santucci.
Biblioteca
Panteão dos reis está situado em baixo do altar-mor da Basílica. Aqui repousam os reis ao lado das respetivas esposas cujos filhos foram reis. Noutra área estão sepultadas as rainhas sem filhos reis, infantes e na mais rica sepultura talhada em mármore de carrara, o meio-irmão de Filipe II, Juan, seu grande amigo e aliado na governação.

Pátio dos Evangelistas  São Lucas, São Mateus, São João e São Marcos, representados em mármore com um livro aberto, tem uma grande escadaria, aqui tudo é grande, mas agora encontramos um belo teto renascentista com representações reais enquadradas com figuração religiosa mas de perceção difícil por devido à altura.
Pátio dos evangelistas
Detalhe do Pátio dos evangelistas
Nas Salas Capitulares podemos observar seus tetos pinturas de Urbino, Granello e Castello. Eram salas de reunião dos monges em capítulo para tratar dos temas habituais da ordem.
Salas capitulares
Palácio dos Bourbons Carlos III (1759-1788) e Carlos IV (1788-1808), foi adaptado para a sua permanência neste palácio, quando vinham para as campanhas de caça e passeios campestres. Adornaram os aposentos de uma ala com belíssimo mobiliário ao gosto francês, ricos relógios e outras peças decorativas, mas o que ressalta é uma grandiosa coleção de 300 tapeçarias que enchem completamente paredes e soalho. Algumas foram manufaturadas pela Real Fábrica de Santa Bárbara e outras foram encomendadas na Flandes, França e Itália.

Obviamente, que neste grande edifício, foram só referidas as áreas mais impressionantes pelos aspetos singulares e com beleza artística. O interior é de longe mais belo que a arquitetura exterior algo repetitiva e sem rasgos de originalidade ou criatividade.

... o Mosteiro das Descalças Reais fica no centro de Madrid e como o nome indica cativa a curiosidade...


sábado, 29 de outubro de 2016

MADRID - Palácio Real




No auge da sua supremacia histórica, os reis espanhóis construíram palácios para mostrar e demonstrar o seu poder. São grandes, bem conservados mas monótonos. Muitas janelas, iguais, desenhadas à esquadria, como se fossem feitas em série…

Não identifico o estilo, mas exteriormente o que interessava era a grandeza e não a beleza. É uma opinião, mas foi o que senti.Os jardins estão bem cuidados, geométricos como mandava a moda da época, adornados com estátuas de génios, escritores e filósofos. Serão identificadas pelos madrilenos? São vistos em conjunto, em perspetiva e servem para o orgulho: “muy guapas, preciosas”...
Os visitantes é que se preocupam em compará-las com as imagens da múltipla informação que carregam durante o dia, tirar fotos de pormenores e do todo, como hobby, vício, para ajudar a memória e levar para casa o que consideraram bonito num determinado momento.
O Palácio Real, o maior da Europa em área coberta, está situado no centro de Madrid, estrategicamente localizado entre o Teatro Real e a Catedral de Almudena, para que as necessidades espirituais e de diversão da real família fossem satisfeitas sem deslocações demoradas e inseguras.
Como disse janelas, muitas janelas iguais, arcos parecidos com obra recortada em papel, não chamam a atenção, procura-se algo diferente ...o formato dos candeeiros talvez... 

A entrada é majestosa. Somos recebidos por Carlos III, como Imperador romano, em Madrid, no século XXI.
É a primeira imagem que se vê e a intenção era essa, enquanto subimos as escadas de mármore de Sabatini, que nos levam a este altar de imortalidade.
O que me impressionou não foi a pose do dito "imperador", mas toda a envolvência, realmente imponente como era pretendido.

Pretende-se também que todos levem estas imagens e só aqui as fotos são permitidas. Depois não, é preciso comprar o livro, o postal, a chávena, o íman, etc.
Os gostos estéticos dos monarcas promotores do Palácio, Carlos III e Carlos IV da dinastia Bourbon, pautam-se pela exuberância de brocados com cores fortes, dourados, porcelanas, vitrais, relógios, tapeçarias, mobiliário trabalhado minuciosamente, enfim tudo do mais rico que se possa imaginar, mas a riqueza e beleza das peças, porque são muitas e “amontoadas”, perde-se… e é pena.
Acho que enchiam outro Palácio e sobravam algumas para museus de província.
A Sala da Porcelana apresenta um excelente trabalho de revestimento de paredes completamente cobertas com porcelanas da fábrica Buen Retiro, verde e branca com desenhos de querubins e grinaldas. O teto compõe o conjunto e o reflexo dos espelhos cria uma composição algo “pesada”.
Sala da Porcelana
Mas, quando tomava o café reparei que as chávenas eram da Vista Alegre!...

A Sala do Trono, de tanto espelho, dourado, vermelho, excesso de desenho, de animais simbólicos, pareceu-me a decoração de “novo rico” a mostrar riqueza.

O quarto real a mesma exuberância, pelo excesso de elementos decorativos que nem sempre combinam, as superfícies lisas, de uma cor, são poucas, a nossa visão tem dificuldade em ser seletiva!
Reconheço, saí um pouco "ofuscada" pelo excesso de decoração, de informação...para processar.

Visitei uma exposição temporária e fiquei "refrescada" com esta pintura denominada "Estação das chuvas 3” de Miquel Barceló 1989-1990.
É verdade, gosto da chuva, mas este quadro tem movimento e está molhado!

Para amenizar a música da trompete deste artista de rua...


... o Palácio do Escorial, impõe-se novamente pela sua grandeza, austeridade,
 é para fazer uma visita... 


MADRID - Catedral de Almudena




Segundo algumas fontes, esta localidade foi uma das primeiras vilas na Península Ibérica a abraçar o cristianismo, quando, segundo a tradição, São Tiago aí pregou o Evangelho. Com seus discípulos, construiu um modesto templo dedicado à Santíssima Virgem no qual, deixou uma imagem da mesma Senhora, esculpida em madeira.
Quando da ocupação romana, a Igreja aí estabelecida viu inúmeros cristãos serem martirizados.
Os invasores godos porém, após vencerem os romanos, converteram-se ao cristianismo e, uma igreja substituiu a primitiva capela de São Tiago.
No início do século VIII a Península Ibérica foi invadida pelos árabes do norte da África e a imagem foi escondida num vão da muralha da cidade, antes que fosse destruída pelos muçulmanos ocupantes da mesquita entretanto construída no local da igreja.
Quatro séculos depois, derrotados os mouros por D.Afonso VI, a imagem depois de muito procurada, apareceu junto à muralha perto do almudin  (mercado ou armazém) que os mouros ali haviam instalado. Por essa razão foi chamada de Santa Maria de Almudena.
Catedral de Almudena com estátua de João Paulo II 
Filipe II, no século XVI, quando transferiu a capital do reino para Madrid, pensou aqui construir uma Igreja.
No entanto enfrentou a forte e decisiva oposição da arquidiocese de Toledo, a antiga capital.
O projecto foi sendo adiado...
Só no século XIX (!), em 1868, Toledo tolerou a construção da Igreja dedicada à Virgem de Almudena em Madrid.
No dia 4 de Abril de 1883, o rei Afonso XII, colocou a primeira pedra desta catedral de “última geração”. O terreno foi cedido pelo património real situado junto ao Palácio Real, por mediação da sua esposa rainha Mercedes, devota da Virgem de Almudena, padroeira de Madrid.
A cripta foi concluída no estilo neogótico. O projeto progrediu lentamente, e... foi novamente adiado durante a guerra civil espanhola dos anos 30 do século XX.
Catedral de Almudena vista do Palácio Real
Em 1944, a Catedral renasceria agora com estilo exterior neoclássico a combinar com o Palácio Real que se situa próximo.
Finalmente em 1993 (!) seria concluída e consagrada por João Paulo II, cuja estátua vemos à entrada. Longo e acidentado caminho... tem matéria para livro!
Mas o que vemos hoje? claridade, leveza, cor...
As portas não deixam ninguém indiferente e estão abertas para a descoberta.
Portas da Catedral com um Papa a entrar
Começando pela imagem, e acreditando nesta história, a nossa sensibilidade verga-se perante este percurso ao sabor dos tempos mas mantém a veneração da época do apóstolo Tiago.
Virgem de Almudena
A minha atenção direcionou-se agora para o teto. As cores vivas, as formas originais contribuem para a referida claridade e leveza.


E depois vejo o altar mor onde a harmonia das imagens se conjuga com um o enquadramento arquitetónico, criando um ambiente bom de estar...
Altar Mor
Detalhe do altar mor
Valeu a pena a longa espera por esta obra atual diferente da conceção de Catedrais da velha Europa.
... O Palácio Real em frente merece também uma visita, 
o maior da Europa em área coberta!

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

MADRID - Igreja de Santo Isidro





Os reis católicos Isabel e Fernando no século XV, para além da sua missão unificadora dos respetivos reinos de Castela e Aragão, alargaram as fronteiras a sul expulsando os mouros infiéis da Andaluzia, e contribuindo decisivamente para a construção da nação espanhola.

Adotaram e fizeram adotar, por vezes com violência inquisitiva, a religião católica romana, com alianças estratégicas com os papas da sua época.
Todo esse processo serviu e serve para alimentar livros e filmes e seria fastidioso desenvolver o tema neste contexto.
Os Judeus também foram perseguidos e expulsos se não se convertessem. Muitos não o fizeram e por isso viveram num mundo clandestino, mudando os seus nomes e praticando os seus ancestrais ritos com uma convicção rigorosa.Para já não falar na imposição da religião católica nos territórios descobertos.
Muitas práticas tiveram uma missão evangelizadora e indutora de práticas humanistas, mas outras justificaram barbaridades na procura desenfreada de bens materiais.O ouro e a prata adornaram grandiosos altares, cobriram imagens religiosas para “redimiram” os saques aos povos detentores dessas riquezas.
É difícil não pensar em todo este passado quando se admira as riquíssimas igrejas de Espanha mas mesmo assim hoje podem ser admiradas, preservadas e são testemunho do fervor religioso da maioria dos espanhóis.
Pormenor dum altar da Catedral de Almudena
Actualmente, a prática religiosa tem expressão significativa sobretudo na semana santa, onde as procissões adquirem dimensões de cartaz turístico, sobretudo em Sevilha na Andaluzia, conquistada aos mouros infiéis.
Nesta época do ano ocorre uma sentida procissão pelas ruas de Madrid com um dos andores mais bonitos e ricos que já vi.
Infelizmente não assisti ao evento, mas no dia seguinte pude calmamente observar a beleza do andor e da imagem de Maria Santíssima de la Esperança Macarena, realizada em 1941 e cópia da de Sevilha.
Imagem da Senhora da Macarena de Madrid
Pormenores do andor da Senhora da Macarena, na semana santa

Deixo o filme do Youtube da procissão da Senhora da Macarena de 2016, ano em que visitei Madrid.
A procissão sai da Igreja de Santo Isidroconstruída no lugar da demolida Igreja de S.Pedro e S.Paulo do século XVI.
A imperatriz Maria de Áustria (1528-1608), filha de Carlos I, deixou a sua fortuna em testamento à Companhia de Jesus com o propósito de ser construída uma nova Igreja.
Depois de várias vicissitudes que incluíram a expulsão dos Jesuítas, Carlos III ordenou que os restos mortais de Santo Isidro e da sua esposa Santa Maria da Cabeça fossem colocados nesta Igreja.
Este templo apresenta particularidades interessantes, como as cores dos frescos do teto.
Uma imagem da Virgem Maria, enquadrada num altar de cores vivas, reporta para a temática campestre. Talvez se relacione com a profissão de lavrador do santo, padroeiro dos lavradores.

No dia 15 de maio, Madrid presta homenagem a Santo Isidro, seu padroeiro, com um desfile emblemático por toda a cidade. 
As "festas da cidade" que decorrem durante uma semana, tornam Madrid ainda mais animada com fogos de artifício, espetáculos vários que vão desde o clássico concerto até ao fandango.
Muitos aficionados madrilenos vestem-se a rigor para desfilar com o "salero" adequado à circunstância.
Transferi uma reportagem para ilustrar este evento em 2016.


         ... a Catedral de Almudena tem uma história interessante, vale a pena saber.