Os cariocas que podem preferem viver simplesmente e sem preocupações na praia ou perto dela. É um estilo de vida, um negócio e uma cultura. O que pode aborrecer rejeita-se, esquece-se. Os problemas são “probleminhas”…
Os primeiros habitantes
construíram as suas casas à beira mar. Eram chamados cariocas pelos indígenas podendo
ter o significado na língua tupi-guarani
de “casa de homem branco” pela junção de kari (homem
branco) + oka (casa).
O extenso areal recortado pelo mar enche-se com
facilidade no verão. O carioca não vê porque não, o sol é para todos e há
sempre lugar para mais um.
No inverno, o “friozinho” impõe cuidados e deixa ver
a areia finíssima. Menos cadeiras e chapéus, mas as águas de coco são
indispensáveis, porque sede há sempre e coco também.
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Praia do Leblon no inverno |
As praias sucedem-se cada
uma com o seu nome e frequência: Leblon,
menos frequentada e mais seleta porque o metro ainda não chega lá, Ipanema a da garota imortalizada pela
canção, Copacabana a maior, a mais
célebre, a mais frequentada a do Copacabana
Palace, Arpoador com rochas para
pensativos.
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Vista das rochas do Arpoador |
Possivelmente as pessoas conhecem-se e marcam encontros nos pontos
ao longo da costa.Em dias de descanso semanal a Av. Atlântica, a que “margeia a praia” como diz o letreiro, é só
para pedestres.
Basta não chover para todos saírem de casa e estar, correr,
andar de bicicleta, fazer exercício em postes para o efeito ou ver este
espetáculo chupando a palhinha de uma água de coco.
O chinelo torna tudo mais
fácil.
O corpo é para se cuidar e ser visto sem inibições,
bem tratado e admirado, tal como os ídolos das telenovelas, vistas
constantemente a qualquer hora do dia ou da noite.
O calçadão
português, conhecido mundialmente, ainda sobressai como um tapete artístico
reproduzido em vários adereços de vestuário e outras utilidades.
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Calçadão português |
Assisti à limpeza das praias, à coleta de cascas de
coco num movimento coordenado para acertar no carro do lixo. Neste exercício de
basquetebol, não caiu nenhuma bola fora do cesto.
O meu gosto balnear impõe ver a areia, ter território
circundante, temperatura amena e vista para o mar sem obstáculos, tipo ilha
deserta. Tive tudo isso, no Rio, no inverno com água de coco para animar, um
privilégio. Por isso, senti, à minha maneira, a doçura e bem estar que os
cariocas tanto prezam. Compreendi porque o mar lhes dá força e calma.
Acho que
têm dificuldade em querer outra vida.Têm tudo, a natureza deu-lhes tudo, só basta viver a
sua personagem ou a que outros inventaram, num carnaval eterno.
A sustentável leveza do ser pode ser uma forma de
felicidade, porque não?Ouvir música ao pôr-do-sol, é o fim de tarde tropical.
Cada quiosque, um com o nome original de coisa
de caRIOca, tem um estilo
diferente de melodia, para todos os gostos.
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Quiosque Carioca |
A MPB (Musica Popular Brasileira) é a mais escolhida.
Para além de bandeira de luta política porque dava voz à injustiça, também
alegrava um povo que desanimava. Os brasileiros vibram com a música e sabem as
letras porque as sentem. Todos acompanham o cantor dançando ou movimentando o
corpo. Apesar das transformações da bossa nova e do samba as suas mensagens e
ritmos entraram definitivamente na alma dos brasileiros.
Olhar a Lagoa do Forte de Copacabana, a Baía de
Guanabara e ver o mar da Ponta do Arpoador torna tudo tão simplesmente belo que
até enternece…Mas, como disse o Rio é difícil de ser lido.
Animada por esta conclusão da sustentável leveza do
ser, penso no escritor Carlos Drummond de Andrade que se sentava num banco no
calçadão de Copacabana e pensava tão profundo, em Vinícius de Morais cuja música
e letra nos eleva e no Chico Buarque de quem sempre gostei desde a “Construção”
e deu voz ao Brasil de forma sublime.
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“No mar estava escrita
uma cidade” Carlos Drummond de Andrade
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Também penso nos que trabalham lá e carregam toneladas
de cadeiras de praia diariamente, nos que vendem os seus produtos cantando e
andando quilómetros debaixo do sol escaldante e regressam a casa na favela
próxima para beber a cachaça a que têm direito, nos taxistas todo o dia a
circular e a guerrear o trânsito … “a
gente vai levando” … é melhor não concluir nada.
... o centro do Rio tem história, tradição e até glamour francês...
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