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terça-feira, 11 de outubro de 2016

RIO DE JANEIRO - Praias

Os cariocas que podem preferem viver simplesmente e sem preocupações na praia ou perto dela. É um estilo de vida, um negócio e uma cultura. O que pode aborrecer rejeita-se, esquece-se. Os problemas são “probleminhas”…

Os primeiros habitantes construíram as suas casas à beira mar. Eram chamados cariocas pelos indígenas podendo ter o significado na língua tupi-guarani de “casa de homem branco” pela junção de kari  (homem branco) + oka (casa).
O extenso areal recortado pelo mar enche-se com facilidade no verão. O carioca não vê porque não, o sol é para todos e há sempre lugar para mais um. 
No inverno, o “friozinho” impõe cuidados e deixa ver a areia finíssima. Menos cadeiras e chapéus, mas as águas de coco são indispensáveis, porque sede há sempre e coco também.
Praia do Leblon no inverno
As praias sucedem-se cada uma com o seu nome e frequência: Leblon, menos frequentada e mais seleta porque o metro ainda não chega lá, Ipanema a da garota imortalizada pela canção, Copacabana a maior, a mais célebre, a mais frequentada a do Copacabana Palace, Arpoador com rochas para pensativos.
Vista das rochas do Arpoador
Possivelmente as pessoas conhecem-se e marcam encontros nos pontos ao longo da costa.Em dias de descanso semanal a Av. Atlântica, a que “margeia a praia” como diz o letreiro, é só para pedestres. 
Basta não chover para todos saírem de casa e estar, correr, andar de bicicleta, fazer exercício em postes para o efeito ou ver este espetáculo chupando a palhinha de uma água de coco. 
O chinelo torna tudo mais fácil.
O corpo é para se cuidar e ser visto sem inibições, bem tratado e admirado, tal como os ídolos das telenovelas, vistas constantemente a qualquer hora do dia ou da noite.
O calçadão português, conhecido mundialmente, ainda sobressai como um tapete artístico reproduzido em vários adereços de vestuário e outras utilidades.
Calçadão português
Assisti à limpeza das praias, à coleta de cascas de coco num movimento coordenado para acertar no carro do lixo. Neste exercício de  basquetebol, não caiu nenhuma bola fora do cesto.
O meu gosto balnear impõe ver a areia, ter território circundante, temperatura amena e vista para o mar sem obstáculos, tipo ilha deserta. Tive tudo isso, no Rio, no inverno com água de coco para animar, um privilégio. Por isso, senti, à minha maneira, a doçura e bem estar que os cariocas tanto prezam. Compreendi porque o mar lhes dá força e calma.
Acho que têm dificuldade em querer outra vida.Têm tudo, a natureza deu-lhes tudo, só basta viver a sua personagem ou a que outros inventaram, num carnaval eterno.
A sustentável leveza do ser pode ser uma forma de felicidade, porque não?Ouvir música ao pôr-do-sol, é o fim de tarde tropical. Cada quiosque, um com o nome original de coisa de caRIOca, tem um estilo diferente de melodia, para todos os gostos.
Quiosque Carioca


A MPB (Musica Popular Brasileira) é a mais escolhida. Para além de bandeira de luta política porque dava voz à injustiça, também alegrava um povo que desanimava. Os brasileiros vibram com a música e sabem as letras porque as sentem. Todos acompanham o cantor dançando ou movimentando o corpo. Apesar das transformações da bossa nova e do samba as suas mensagens e ritmos entraram definitivamente na alma dos brasileiros.
Olhar a Lagoa do Forte de Copacabana, a Baía de Guanabara e ver o mar da Ponta do Arpoador torna tudo tão simplesmente belo que até enternece…Mas, como disse o Rio é difícil de ser lido.
Animada por esta conclusão da sustentável leveza do ser, penso no escritor Carlos Drummond de Andrade que se sentava num banco no calçadão de Copacabana e pensava tão profundo, em Vinícius de Morais cuja música e letra nos eleva e no Chico Buarque de quem sempre gostei desde a “Construção” e deu voz ao Brasil de forma sublime.
“No mar estava escrita uma cidade” Carlos Drummond de Andrade
Também penso nos que trabalham lá e carregam toneladas de cadeiras de praia diariamente, nos que vendem os seus produtos cantando e andando quilómetros debaixo do sol escaldante e regressam a casa na favela próxima para beber a cachaça a que têm direito, nos taxistas todo o dia a circular e a guerrear o trânsito … “a gente vai levando” … é melhor não concluir nada.
... o centro do Rio tem história, tradição e até glamour francês...


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