Quando os portugueses chegaram à Terra de Vera Cruz ficaram surpreendidos com as gentes despidas, com os seus costumes, mas sobretudo ficaram maravilhados com a paisagem verde enquadrada no mar azul e com o relevo a embelezar a vista, mesmo sem perspetiva de riquezas de ouro e prata...Pero Vaz de Caminha, na sua carta ao rei de Portugal, descreve em Maio de 1500 o que viu:
"...houvemos vista de terra! Primeiramente dum grande monte, mui alto e redondo; e doutras serras mais baixas ao sul dele; e de terra chã, com grandes arvoredos: ao monte alto o capitão pôs nome – o Monte Pascoal e à terra – a Terra da Vera Cruz.” …” Esta terra, Senhor, me parece que da ponta que mais contra o sul vimos até à outra ponta que contra o norte vem, de que nós deste porto houvemos vista, será tamanha que haverá nela bem vinte ou vinte e cinco léguas por costa. Tem, ao longo do mar, nalgumas partes, grandes barreiras, delas vermelhas, delas brancas; e a terra por cima toda chã e muito cheia de grandes arvoredos. De ponta a ponta, é toda praia parma, muito chã e muito formosa. Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande, porque, a estender olhos, não podíamos ver senão terra com arvoredos, que nos parecia muito longa. Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares, assim frios e temperados como os de Entre Douro e Minho, porque neste tempo de agora os achávamos como os de lá.
Águas são muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem.”
O que se vê agora é naturalmente diferente: menos árvores, casas altas e baixas, qual mancha branca vista ao longe em cima dos morros. Tudo o resto se mantem no século XXI, o mar, as praias, os morros, as árvores perservadas e a baía.
O local da cidade maravilhosa continua com o seu explendor, apesar das mudanças dos tempos. Dizem que foi o local escolhido por Deus para viver. Descrevo em seguida as principais vistas do Rio.
Não tive tempo para ver outras que tinha programado, mas nas viagens tem sempre que ficar algo para a próxima, para voltar.
PÃO DE AÇÚCAR
Provavelmente foram os portugueses que lhe deram nome a este morro. Durante o apogeu do cultivo da cana-de-açúcar no Brasil (século XVI e XVII), após a cana ser espremida e o caldo fervido e apurado, os blocos de açúcar para serem transportados para a Europa, eram colocados numa forma de barro cónica e o conteúdo era denominado pão de açúcar. A semelhança daquela forma com o penhasco carioca, teria originado o nome.
Outra versão é que os índios Tupinambás, primeiros habitantes da região, se referiam a esta montanha como "Pau-nh-açuquã", o que significa" morro alto, isolado e pontudo" na língua tupi-guarani. Não discuto as versões apenas afirmo uma verdade: é um icon do Rio!
O Morro da Urca, o Pão de Açúcar e o Cara de Cão formavam um conjunto rochoso separado do continente. Estácio de Sá em 1697 resolveu fazer o aterro para os ligar à terra, para se defender dos ataques dos tamoios e dos franceses. Transformou por isso o formato alongado da Baía de Guanabara, tornando-a arredondada.
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Teleférico para o Pão de Açucar |
Enquanto aguardava pelo teleférico para subir ao Pão de Açúcar, o entardecer apresentava tonalidades rosa alaranjado do sol a despedir-se.
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Vista na espera do teleférico |
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O Pão de Açúcar |
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O anoitecer no cimo do Pão de Açúcar |
A subida é um espetáculo cinematográfico cujo protagonista é o mar. As casas contracenam com ele em vários planos. O verde da vegetação, embora pouca, compõe o cenário e disfarça imperfeições.
Lá em cima a noite caiu. As muitas luzes refletem-se na lagoa e na baía e, depois revelou-se um cenário diferente, mais misterioso, mas não menos belo, se bem que devo voltar num dia azul, límpido na expetativa de ver um pássaro vermelho já recolhido e muito mais...
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Uma nova vista do anoitecer no Pão de Açúcar |
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A noite no Pão de Açúcar e as luzes do Rio de Janeiro |
Cá em baixo todos querem tirar uma foto no Rio com o Pão de Açúcar ao fundo, a pisar o calçadão português ou na praia do Leblon. É um clássico!
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O Pão de Açúcar visto do "calçadão" |
CRISTO REDENTOR
Depois de um café tomado no lugar da casa onde viveu Machado de Assis, no Cosme Velho, subi no trem do Corcovado para o Cristo Redentor.
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Estátua estilizada do Cristo Redentor |
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Estação de trem do Corcovado |
A viagem leva-nos para dentro de uma natureza luxuriante, numa perfusão de verdes esbatidos pela luz.
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Trem do Corcovado atravessando o Parque da Tijuca |
O Cristo icon do Rio, situa-se no topo do Corcovado, a 709 metros acima do nível do mar, no Parque Nacional da Tijuca.
O dia estava límpido como convém para a vista.
O célebre Cristo lá estava de braços abertos a esperar os sempre muitos visitantes.
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Cristo Redentor de braços abertos |
Vista maravilhosa a justificar o adjetivo da cidade. Muitas fotos de braços abertos a imitar a estátua. Senti um certo ambiente de exuberância artificial, é suposto estarmos todos contentes, felizes pelo privilégio de estar ali. Aqui não houve o tal sal da surpresa. Já tinha visto o Cristo Redentor muitas vezes.
De repente, o sol escondeu-se numa nuvem e desapareceu a vista como que por magia.
Seguem-se algumas fotos do Cristo Redentor enquanto o sol deixou...
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As fotos possíveis enquanto havia sol |
Talvez o Cristo precisasse de descansar de tanto barulho e excitação. Era suposto ser um lugar de contemplação, por isso tem uma Capela da Senhora da Aparecida, que acredito que muitos nem repararam.
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Capela de Nossa Senhora da Aparecida |
As lojas das inevitáveis lembranças, com Cristos de todos os materiais possíveis, estilos e utilidades, aparecem à saída enfim é preciso rentabilizar.
Gostava de ver o Cristo com menos gente, para sentir a magia do local. Pergunto-se se será possível...
...a mensagem seguinte descreve as minha impressões de Petropolis,
a Sintra do Brasil...
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