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sexta-feira, 14 de outubro de 2016

MINAS GERAIS - Introdução





Minas, são muitas.
 Porém, poucos são aqueles que conhecem as mil faces das Gerais.”
Guimarães Rosa

UM POUCO DE HISTÓRIA

Desde a sua descoberta que se supunha que a terra de Vera Cruz era rica em minério, especialmente ouro, mas não se via, não aparecia. O rei de Portugal, D. Manuel I, pensava que o seu antecessor D. João II se tinha enganado quando, através do Tratado de Tortesilhas (1494), os reis de Portugal e Espanha resolveram dividir o mundo ao meio e Portugal insistiu em ficar com a parte que hoje se chama Brasil. Mas se a Espanha detentora das terras a oeste, foi chegar, ver, matar, roubar e ficar rico com o ouro dos Incas, seria que aquela terra imensa só tinha madeira e indígenas amistosos? 

Pero Vaz de Caminha na sua Carta ao rei de Portugal já tinha referido em 1500 que quando do encontro do capitão com os indígenas estes haviam sugerido a existência de ouro e prata naquela terra.

“…O Capitão… estava sentado em uma cadeira, bem vestido, com um colar de ouro mui grande ao pescoço, e aos pés uma alcatifa por estrado. …Acenderam-se tochas. Entraram. Mas não fizeram sinal de cortesia, nem de falar ao Capitão nem a ninguém. Porém um deles pôs olho no colar do Capitão, e começou de acenar com a mão para a terra e depois para o colar, como que nos dizendo que ali havia ouro. Também olhou para um castiçal de prata e assim mesmo acenava para a terra e novamente para o castiçal como se lá também houvesse prata.”

Durante séculos o rei de Portugal não pensou muito nisso até porque o ouro não se via. Estava rico com as especiarias vindas da Índia, sem qualquer investimento a não ser o transporte que às vezes corria mal devido às tempestades e aos assaltos dos corsários dos outros países invejosos de tanta riqueza.
Depois Portugal perdeu a independência e os Filipes espanhóis, donos do mundo, não podiam acudir a tantos fogos!
Mas o ouro tinha que aparecer, diziam os paulistas que periodicamente organizavam expedições com bandeiras, por isso lhes chamavam "bandeirantes", para conquistar o interior desconhecido e descobrir o ouro tão desejado.
E apareceu realmente, nos últimos anos do século XVII, não em minas mas no Rio das Velhas que corria com força fazendo desprender, através da erosão, pedras escuras dos grandes rochedos.

Estas pedras brilhavam ao sol, chamaram-lhe ouro preto.

Corria em grande quantidade, em vários locais da região, bastava apanhá-lo em "bateias" e sacudindo a areia, as tão desejadas pepitas apareciam como que por magia.
Levaram amostras para o Rio, Baía e Portugal e a notícia propagou-se como um rastilho e a vontade de ficar rico de um dia para o outro, deixou de ser quimera.
Tudo mudou, como o vento que soprou forte e varreu o que estava feito até então. Refiro-me principalmente às culturas da cana do açúcar e à exploração do pau brasil.

Era o início da era do ouro.

Apesar de acabar o minério, as Minas Gerais renasceram para a modernidade cultural e arquitetónica, renasceram porque preservaram a gastronomia riquíssima e reinventaram novas propostas, renasceram porque souberam conservar e eternizar obras de arte, renasceram porque recriaram artesanato e festas populares, renasceram porque continuaram a apostar no futuro com o orgulho que caracteriza os mineiros.
Mas dessa mesma modernidade irei falar noutra mensagem.

Acho que aqui, em Minas, encontrei o Brasil mais brasileiro!


... agora vamos descobrir uma cidade do ouro...

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