Na visita a Madrid foi o que mais me impressionou pela agradável surpresa foram as "calles". Estão vivas, barulhentas, concorridas ... são a casa dos madrilenos.
Na "Puerta del Sol" porque dela
irradiam raios para várias direções, existem sempre espetáculos grátis, de
música, teatro ou circo. É só escolher. Por vezes os sons confundem-se, mas
talvez seja possível fazer encenação conjunta ou vê-la assim… é este o espírito de Madrid!
É aqui que mora o urso apoiado no medronheiro, há anos que observa tudo e gosta cada vez mais do espetáculo diário de gente vinda de todos os cantos do mundo, que não hesita em tirar uma foto e mexer no pé para dar sorte…
O símbolo de Madrid é enigmático e desperta a curiosidade.
O seu significado não é consensual, mas segundo algumas fontes não é urso mas ursa, ligada à constelação da Ursa Menor. Porque está apoiada numa árvore? Quando Madrid recebeu o seu foral, houve uma disputa entre a Igreja e o Estado sobre quem ficaria a cargo da exploração da madeira, da caça e da pastorícia. Depois de anos de negociações, decidiram que a Igreja ficaria com as terras do pastoreio e o Estado geria a madeira e a caça. Assim, a ursa ergue-se sobre as suas patas traseiras para mostrar o domínio da Igreja sobre as terras e, com as dianteiras, apoia-se numa árvore que representa o domínio do Estado sobre a madeira e a caça. Porquê o medronheiro? A utilização do chá das suas folhas terá sido um tratamento eficaz contra as febres que assolaram a população de Madrid e o rei Carlos V, passando por isso a fazer parte do símbolo da cidade.
Os azulejos pintados com o nome da “calle” de Alfredo Rviz de Lvna e ilustrando graciosamente a pessoa que a identifica ou a temática que pretendem transmitir, foram outro aspeto que em Madrid me surpreendeu. Dediquei-me a fotografar cada um que encontrava, para colecionar, comparar e admirar.
As “tiendas”, abertas até tarde porque as pessoas vivem nas ruas, estão cheias e o comércio parece vigoroso. Algumas estão forradas de azulejos reproduzindo quadros, cenas de rua ou o que pretendem vender. Autênticas obras de arte. Adorei. Atrevi-me a entrar em algumas delas e as paredes também estavam pintadas ou forradas de azulejos. Deve ser muito agradável comprar e conviver nestes lugares de arte.
Encontrei uma chamada “Coimbra”, vá-se lá saber porquê!...
As montras estão decoradas com gosto, chamativas, inclusive com manequins nas janelas a mandarem-nos entrar.
Outro pormenor estava no chão. Uma lápide dourada a homenagear os comerciantes mais antigos. Alguns tinham as portas fechadas porque não resistiram à investida do “progresso”, mas ficaram eternizados pela Câmara. Não sei se os madrilenos reparam, mas de certeza já pisaram muitas vezes estes tributos.
Mas… faltam os inconfundíveis e belos “tapetes” portugueses…Aqui a cultura é outra. Os espanhóis não olham para o chão, por isso não precisam de admirar a calçada.
A atmosfera envolvente distrai, atrai e contagia o mais melancólico.
O caminho é em frente, a vida tem “salero”, o sal que dá prazer e intensidade. É uma vida escrita a “bold” e sublinhada.
... A Plaza Mayor, a sala de visitas desta enorme casa merece atenção especial, vejam porquê...
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