“…o
sonho comanda a vida, que sempre que um
homem sonha, o mundo pula e avança como bola colorida entre as mãos de uma
criança.”
António Gedeão,
Pedra Filosofal,1956
Juscelino Kubitschek era natural de
Diamantina do Estado Minas Gerais e queria lapidar um diamante bruto no
interior do Brasil, onde nada existia para além do capim e do abandono.
Quando foi eleito Presidente do
Brasil em 1956, conseguiu condições para realizar o seu sonho e lapidar o seu diamante com
os artistas brasileiros mais criativos e conceituados. Criar uma cidade,
desenhá-la e torná-la operacional para ser capital era um trabalho gigantesco.
Foi em 1956, ano do poema de António
Gedeão, que a cidade começou a ser desenhada, por Lúcio Costa e Óscar Niemeyer
no que ficou mundialmente conhecido por “Plano Piloto de Brasília”, aproveitando
o planalto da região e adequando-o ao projeto do Lago Paranoá já existente desde 1893,
através das águas represadas do rio com o mesmo nome.
Brasília foi construída à velocidade de um mandato, e Niemeyer teve de planear estes edifícios em poucos meses configurá-los com o envolvimento e estrutura pré definida por Lúcio Costa. Todo o plano paisagístico esteve a cargo do seu parceiro da Pampulha, Burle Marx.
Foi inaugurada pelo seu mentor "JKa", como é chamado pelos seus conterrâneos em 21 de Abril de 1960, aniversário da morte do Tiradentes, símbolo da Independência brasileira, tornando-se a terceira capital do Brasil, após Salvador e Rio de Janeiro. Ele emocionou-se ao ver o ser sonho realizado, só por isso valeu a pena ter vivido.
Brasília foi construída à velocidade de um mandato, e Niemeyer teve de planear estes edifícios em poucos meses configurá-los com o envolvimento e estrutura pré definida por Lúcio Costa. Todo o plano paisagístico esteve a cargo do seu parceiro da Pampulha, Burle Marx.
Foi inaugurada pelo seu mentor "JKa", como é chamado pelos seus conterrâneos em 21 de Abril de 1960, aniversário da morte do Tiradentes, símbolo da Independência brasileira, tornando-se a terceira capital do Brasil, após Salvador e Rio de Janeiro. Ele emocionou-se ao ver o ser sonho realizado, só por isso valeu a pena ter vivido.
Vista de cima, a principal área da
cidade assemelha-se ao formato de um avião ou de uma borboleta; o avião
da modernidade e progresso, a borboleta da beleza da arte, como preferiu Lúcio
Costa.
O projeto consistiu basicamente no
Eixo Rodoviário no sentido norte-sul, e Eixo Monumental no sentido este-oeste. O Eixo Rodoviário é formado por
asas compostas por áreas residenciais com numeração a partir da lagoa, incluindo
bairros comerciais organizados por setores de atividade e zonas de lazer, igrejas
e escolas.
O Eixo Monumental tal como o nome
indica é composto por vários monumentos como o Palácio da Alvorada, residência do Presidente, a Esplanada dos Ministérios e na Praça
dos Três Poderes situam-se o Congresso
Nacional, (poder legislativo), o Palácio
do Planalto, sede do governo (poder executivo), e o Supremo Tribunal
Judicial (poder judicial).
Supremo Tribunal Judicial
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| Palácio da Alvorada |
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| Congresso Nacional |
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| Palácio do Planalto |
Situam-se também neste enquadramento
outros monumentos como o Palácio
Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores, também conhecido
como Palácio dos Arcos possuindo o maior hall
sem colunas do mundo, com área de 2 800 metros quadrados. O paisagismo interno e externo é de Roberto Burle Marx. Em frente ao Palácio do Itamaraty,
sobre o espelho de água, encontra-se a escultura
"Meteoro", desenhada por Bruno Giorgi.
Vista exterior do Museu Nacional Honestino Guimarães
Interior do Museu Honestino Guimarães
O Palácio do Buriti, nome de palmeira símbolo da cidade, sede do governo do distrito federal brasileiro, foi projetado pelo arquiteto Nauro Jorge Esteves, em estilo diferenciado dos restantes monumentos. À sua frente tem uma réplica da Loba Romana, oferta da cidade de Roma no dia da sua inauguração a 21 de Abril de 1969, também aniversário da fundação de Brasília.
Mas a Catedral de Brasília, impressionou-me especialmente. Para mim é a obra prima deste arquiteto assumidamente ateu e comunista. Não a descrevo posicionando-a num formato arquitetónico, ele inventou-o.
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| Palácio Itamaraty |
Visitei com muito
interesse o Museu Nacional Honestino Guimarães, inaugurado com uma
exposição a homenagear o seu génio criador: "Niemeyer & Niemeyer e
Brasília -Património da Humanidade", no dia 15 de Dezembro de 2006, dia em
que completou 99 anos. Tem forma de cúpula, as rampas, as curvas envolventes e
obras de arte lindíssimas.
O Palácio do Buriti, nome de palmeira símbolo da cidade, sede do governo do distrito federal brasileiro, foi projetado pelo arquiteto Nauro Jorge Esteves, em estilo diferenciado dos restantes monumentos. À sua frente tem uma réplica da Loba Romana, oferta da cidade de Roma no dia da sua inauguração a 21 de Abril de 1969, também aniversário da fundação de Brasília.
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| Loba do Palácio do Buriti |
Mas a Catedral de Brasília, impressionou-me especialmente. Para mim é a obra prima deste arquiteto assumidamente ateu e comunista. Não a descrevo posicionando-a num formato arquitetónico, ele inventou-o.
As formas redondas das pedras estruturais exteriores, lembram-me uma flor a abrir para o céu ou permanentemente aberta, suplicante, humilde e grata pela vida, que nasce num ovo central.
À entrada os profetas estilizados, não os de Congonhas, mas com o mesmo nome. Este tinha efetivamente uma pomba na cabeça e está enquadrado com os sinos da Catedral.
Mas sim, deixo aqui o que senti: um imenso deslumbramento. Para aceder à nave caminha-se através de uma passagem subterrânea, intencionalmente escura e mal-iluminada, visando o contraste com o interior que recebe iluminação natural intensa.
A Senhora da Aparecida, apareceu num santuário de vidro só seu.
À entrada os profetas estilizados, não os de Congonhas, mas com o mesmo nome. Este tinha efetivamente uma pomba na cabeça e está enquadrado com os sinos da Catedral.
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| Profeta no exterior da Catedral |
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| Vista exterior da Catedral Metropolitana de Brasília |
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| Os anjos a descer dum céu azul |
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| Via sacra |
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| Senhora da Aparecida |
Apetece estar neste
templo de arte, nesta atmosfera mágica, ”enrolados” nestas linhas curvas, que
permitem ouvir vozes quando se chama um nome do canto oposto. Eu disse que era
mágico!
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| Parede redondas com efeito acústico |
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| Homenagem a JK |
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| Memorial de JK |
Tornou-se a maior
cidade do mundo construída no século XX, também a maior área tombada e é
considerada Património Mundial pela Unesco devido ao seu projeto
arquitetónico.
Só uma equipa
excecional de artistas e os operários “candangos” conseguiriam este milagre,
não sem controversas e polémicas, quando se inventa correm-se riscos, mas estes
riscos desenhados são geniais e tinham que dar certo.
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| Candangos |
Realmente ninguém pode ficar indiferente a este
tratado de arquitetura moderna, na sua conjugação de matérias e relação das
formas para dar a ilusão de simplicidade criativa refletida na água, como um
puzzle onde todas as peças encaixam para dar uma imagem que se pretende
única.
Segundo o sonho profético de S. João Bosco em 1883,
“anunciava o surgimento de uma terra prometida entre os paralelos 15º e 20º do
hemisfério sul às margens onde se formava um lago” … “'quando escavarem as
minas escondidas no meio destes montes, aparecerá aqui a grande civilização, a
terra prometida, onde jorrará leite e mel.”
Hoje este santo é padroeiro desta
cidade sendo erigida em sua honra a primeira igreja em alvenaria, singela,
pequena a provar que Niemeyer também sabe fazer do pequeno, belo.
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| Capela de S. João Bosco |
O traço do Niemeyer é simples e belo, cria reflexo.
Niemeyer dizia:
“quem for a Brasília, pode gostar ou não dos palácios, mas não pode dizer que viu antes coisa parecida. E arquitetura é isso-invenção.”
... S. Paulo, a cidade do trabalho, a Nova York do sul, tem cultura como vou descrever a seguir...
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