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sábado, 15 de outubro de 2016

MINAS GERAIS - Congonhas


Quando visitei Congonhas estava a anoitecer.

O céu despedia-se do sol com um sortido de tons de laranja que enquadravam a visão do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos com uma beleza mágica.
Santuário do Bom Jesus de Matosinhos ao anoitecer

Santuário do Bom Jesus de Matosinhos iluminado à noite
Era o meu esperado encontro com António Francisco Lisboa, mais conhecido por "Aleijadinho", nome que despertou a minha atenção mesmo antes de conhecer o Brasil.
Congonhas dista 70 Km de Belo Horizonte, o solo é rico em minério de ferro, sendo no passado também expressiva a mineração em busca do ouro, portanto mais uma localidade mineira (afinal estamos em Minas Gerais), testemunha de homens enriquecidos pelo(s) minério(s).

Em 1755 em plena era aurífera foi inaugurado o Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, por um português nortenho devoto e grato pela riqueza que lhe era possibilitada.Começou por uma singela capela e terminou com a ajuda de amigos num Santuário que hoje nos presenteia com o mais significativo acervo artístico do Aleijadinho.
Data da fundação do Santuário (1755)


António Francisco Lisboa era filho de um respeitado mestre de obras e arquiteto português Manuel Francisco Lisboa e da sua escrava africana Isabel. Nascido escravo foi alforrado pelo pai no dia do seu batismo.

A sua obra artística é extensa na região mineira, maioritariamente ligada a figuras sacras, encomendadas por devotos recém enriquecidos.

Depois de 1777 o artista começou a exibir sinais de uma misteriosa doença degenerativa, que lhe valeu o apelido de "Aleijadinho". O seu corpo foi-se deformando progressivamente, o que lhe causava muito sofrimento. Teria perdido todos os dedos dos pés, obrigando-o a andar de joelhos e na fase avançada da doença precisava de ser carregado quando se deslocava para trabalhar. Ficou também sem os dedos das suas preciosas mãos excepto o polegar e o indicador; para esculpir e pintar, os instrumentos que usava eram amarrados aos cotos.

No adro do Santuário esculpiu em pedra sabão as famosas imagens dos doze profetas em tamanho real. Quando as vi recortavam-se no céu de um azul intenso, fiquei impressionada.

 
Estátuas em pedra sabão dos Profetas do Antigo Testamento




Não identifiquei nenhum dos profetas, não conheço o Antigo Testamento, mas fiquei curiosa.
Depois já de noite vi iluminadas uma a uma as seis capelas do Jardim dos Passos.
Santuário com as capelas do Jardim dos Passos
As faces das personagens e a emoção que viviam no momento, dão-lhes voz, tornam-nas vivas e na minha opinião projetam o sofrimento do seu autor. 
A mão deformada da primeira foto é um exemplo. 

 As outras imagens dos passos da paixão de Cristo falam por si.





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Em 1985, todo este conjunto artístico passou a ser considerado pela UNESCO, Património Cultural da Humanidade, sendo uma das maiores realizações do barroco brasileiro.

... na próxima mensagem viajarei num comboio antigo rumo à modernidade de Belo Horizonte, a viagem vale a pena!  

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