Todas as cidades têm bairros boémios.
O Trastevere é um “rione”
boémio de Roma cujo nome significa “além do Tibre” dada a sua localização na
margem ocidental do rio Tibre que serpenteia a cidade.
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Ponte a atravessar o Tibre para a outra margem |
Digamos que a sua história nos remete para um pouco de segregação,
quem sabe se devido ao limite geográfico do rio. Primeiro (735-509 a.C) a zona
era ocupada por etruscos, hostis aos romanos que reinavam na outra margem.
Implantada a república após 509 a.C., os romanos anexaram Trastevere por razões
estratégicas. Um número crescente de pescadores que dependiam do rio para a sua
subsistência passaram a morar no bairro. Imigrantes do oriente romano,
sírios e judeus escolheram também o local para iniciar os seus negócios.
Só em 270-275 d.C. é que as muralhas de Aureliano
integraram Trastevere como parte integrante da cidade.
Provavelmente nessa época,
muitos cristãos encontraram aqui lugar seguro para as suas práticas religiosas
nos titulus, locais de culto, propriedade
de romanos que disponibilizavam a sua casa para esses fins, depois denominados
padroeiros. Portanto, as primeiras Igrejas de Roma devem ter-se situado aqui: a Titulus Callixti (Basílica de Santa Maria in Trastevere) e a Titulus Cecilae ( Santa Cecilia in Trastevere).
No fim do século V, Trastevere passou a ter novos
habitantes, ricos que precisavam de espaço para construir os seus palácios em
Roma, mas os antigos habitantes continuaram a dar vida ao “rione” e o que hoje observamos são as ruas estreitas, cheias de surpresas
em cada curva, para andar a pé, sem destino, apenas a descobrir pormenores,
sobretudo nos inúmeros restaurantes da zona abertos a noite inteira. Rafael
também deve ter por ali andado e apaixonou-se perdidamente pela filha de um
padeiro moradora no nº.20 da Via San Dorotea, “La Fornarina”.
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Rua estreita com casas ocre |
É um bairro para ver de dia, calmamente com condições
atmosféricas que não distraiam a nossa atenção. No caminho para o centro de Roma, nos telhados de algumas casas
descobrem-se testemunhos de estátuas de pessoas nobres que ficaram para sempre
a observar o Tibre e a Isola Tiberina.
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Isola Tiberina |
De noite é para estar, saborear a excelente gastronomia
italiana, não necessariamente a piza que é o menu habitual do turista apressado.
Os chamativos restaurantes preferem expor os produtos, seguramente para dizer
que ali se come bem.
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Alcachofras e pasta a chamar... |
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Restaurante escolhido |
Trastevere tem identidade, tradição mantida e
transmitida de geração em geração e quando chegamos lá sente-se uma “cultura” à
parte da imperial e renascentista Roma. A sua Festa ocorre desde 1535, entre 15 a 30 de Julho, e chama-se “Noaltri” ou seja Festa de
Nós outros.
… A Basílica de Santa Maria de Trastevere está inserida nesta cultura…