João XXIII
(1958-1963) foi o papa da atualização, da renovação de uma igreja
pós-guerras mundiais, cheia de contradições e de constrangimentos políticos.
Oriundo de uma família italiana
modesta, cedo sentiu os problemas sociais dos trabalhadores dedicando no seu
apostolado aos desfavorecidos e frágeis e a ações caridosas que serviriam de
exemplo e alicerçavam as mudanças que enquanto papa iria introduzir na igreja.
O seu sorriso bom foi a imagem que
perdurou, mas a sua grande obra foi a convocação do Concílio Vaticano II, para
que fossem abertas janelas de ar fresco na Igreja católica.
Neste concílio foram aprovadas resoluções com a participação expressiva de bispos do terceiro mundo, nomeadamente nas áreas de renovação litúrgica, preocupação com os pobres e diálogo interconfessional.
Na abertura deste concílio, dirigiu-se aos seus fiéis na Praça de S. Pedro com o “discurso da Lua” inaugurando uma nova forma de diálogo simples, direto e comovente:... os artistas do renascimento estão presentes em Roma de uma forma admirável...
Neste concílio foram aprovadas resoluções com a participação expressiva de bispos do terceiro mundo, nomeadamente nas áreas de renovação litúrgica, preocupação com os pobres e diálogo interconfessional.
Na abertura deste concílio, dirigiu-se aos seus fiéis na Praça de S. Pedro com o “discurso da Lua” inaugurando uma nova forma de diálogo simples, direto e comovente:... os artistas do renascimento estão presentes em Roma de uma forma admirável...
“ poderíamos dizer que até mesmo a Lua
está com pressa esta noite... Observem-na, lá no alto, está a olhar para este
espetáculo… Voltando para casa, encontrarão as crianças. Dêem-lhes um carinho e
digam: "Este é o carinho do Papa." Talvez as encontreis com alguma
lágrima por enxugar. Tende uma palavra de consolo para aqueles que sofrem.
Saibam os aflitos que o Papa está com os seus filhos, sobretudo nas horas de
tristeza e de amargura”
A referida pressa era porque estava doente e
queria ver implementadas mudanças na sua Igreja para a aproximar o mais
possível dos seus fiéis. Faleceu antes de terminar o Concílio, mas o seu
sucessor teria que seguir caminhos irreversíveis.
O seu curto pontificado não foi consensual
sobretudo para os católicos tradicionalistas, mas os caminhos foram abertos e
as pontes foram construídas para reformas urgentes numa igreja que se devia
afirmar de uma forma mais adaptada à mudança dos tempos. Foi canonizado em 27
de Abril de 2014, numa missa presidida pelo atual Papa Francisco.
João Paulo
II (1978-2005) polaco, amante
de desportos, combatente na II Guerra Mundial contra os nazis, inaugurou uma
nova forma de exercer o pontificado, conseguindo unir, dialogar e contactar com
os seus fiéis exercendo por isso um papel ativo nos acontecimentos do mundo.
Começou por pedir desculpa pelos
erros da sua igreja, a reconciliação era precisa para o diálogo: aos judeus
perseguidos, às vítimas da Inquisição, aos muçulmanos mortos pelos cruzados,
aos povos da América latina pelos excessos dos missionários, pelo envolvimento
de católicos na escravidão africana e pela inatividade da igreja perante o
holocausto.
Sorridente quis estar próximo dos
fiéis, percorrendo 129 países para conhecer o seu rebanho. As suas viagens
apostólicas tiveram um impacto enorme, atraindo multidões, visitando países
onde nenhum papa esteve, como a Inglaterra Anglicana. Estátuas comemorativas
destas visitas estão espalhadas pelos quatro cantos do mundo, assim como a
denominação de ruas e praças. Foi sem dúvida, o mais mediático e diplomático de
todos os papas.
Neste contexto, teve uma ação
significativa contra o comunismo na Polónia e nos países de leste. Foi o
percursor da queda do muro de Berlim.
Teve também um importante papel no
diálogo inter-religioso, unindo o que até aí era impensável unir.
Manteve, no entanto, comportamentos
conservadores como a reafirmação de doutrinas
tradicionais contra a ordenação de mulheres, a contraceção,
a homossexualidade e o aborto em todos os casos, sendo fortemente
criticado por grupos que não viram satisfeitas as suas pretensões nem entendiam
o facto de este papa não acompanhar a mudança dos tempos. Virou-se para a
juventude como futuro da igreja, mas talvez tivesse mais adesão se
flexibilizasse um pouco as suas convicções. Fica na história como o grande devoto de Maria “Totus tuus”, com a letra M no seu brasão papal.
Tentaram
assassiná-lo na Praça de S. Pedro no dia 13 de Maio de 1981 e salvou-se,
ficando definitivamente devoto de Nossa Senhora de Fátima, que visitou várias
vezes. Ao longo do seu pontificado canonizou 483 santos e em 27 de Abril de
2014 também foi declarado santo.
Local na Praça de S.Pedro onde tentaram assassiná-lo |
O Papa
Francisco, como todos lhe chamam iniciou o seu pontificado em 13 de Março de
2013. É um papa singular: primeiro papa jesuíta e a usar o nome Francisco,
primeiro pontífice do hemisfério sul e da América Latina e a imprimir desde o
primeiro dia um cunho muito pessoal ao seu pontificado. Humildemente pede com
insistência para rezaram por ele, continua com a mesma morada que tinha como
cardeal, usa uma singela cruz da prata da sua Argentina natal e aperta-a
frequentemente como que a pedir ajuda. Transporta a sua mala pessoal e não usa
sapatos vermelhos “prada”.
Nas suas relações com os fiéis
adota uma postura afetuosa com todos, literalmente, mas com especial atenção
pelos mais frágeis. O seu sorriso é fácil, mas zanga-me muito com as injustiças
do mundo, não poupando palavras para combater claramente o que acha que deve
ser combatido.
Na quarta feita que o vi, recém
regressado do México, insurgiu-se contra os muros e as barreiras legislativas
que aparecem para separar as pessoas e contra a corrupção que corrói as
sociedades. No dia seguinte era notícia da primeira página dos jornais!
A sua obra é seguir o cristianismo na sua
essência, o pregado por Jesus Cristo.
Este é um excerto da sua catequese contra a corrupção:
Papa Francisco discursando na Praça de S.Pedro |
“…Eis onde leva o exercício de uma
autoridade sem respeito pela vida, sem justiça, sem misericórdia. E eis a que
coisa leva a sede de poder: torna-se ganância que quer possuir tudo. Um texto
do profeta Isaías é particularmente iluminante a respeito. Neste, o Senhor
adverte contra a ganância dos ricos latifundiários que querem possuir sempre
mais casas e terrenos. E diz o profeta Isaías:
“Ai de vós que ajuntai casa a casa,
e que acrescentai campo a campo,
até que não haja mais lugar
e que sejais os únicos proprietários da terra” (Is 5, 8).
e que acrescentai campo a campo,
até que não haja mais lugar
e que sejais os únicos proprietários da terra” (Is 5, 8).
Acrescentou:
E o profeta Isaías não era comunista! Deus, porém, é maior que a maldade e que os jogos sujos feitos pelos seres humanos.”
E o profeta Isaías não era comunista! Deus, porém, é maior que a maldade e que os jogos sujos feitos pelos seres humanos.”
O filme do Youtube
sobre este significativo encontro com o papa Francisco, numa manhã magnífica na
Praça de S. Pedro. Foi um privilégio.
https://www.youtube.com/watch?v=A2AkDw1iYtA
Praça de S.Pedro em Fevereiro de 2016 |
... os ARTISTAS do Renascimento estão presentes em Roma de uma forma admirável...
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