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quarta-feira, 23 de novembro de 2016

ROMA - Trastevere


Todas as cidades têm bairros boémios.
O Trastevere é um “rione” boémio de Roma cujo nome significa “além do Tibre” dada a sua localização na margem ocidental do rio Tibre que serpenteia a cidade.
Ponte a atravessar o Tibre para a outra margem
Digamos que a sua história nos remete para um pouco de segregação, quem sabe se devido ao limite geográfico do rio. Primeiro (735-509 a.C) a zona era ocupada por etruscos, hostis aos romanos que reinavam na outra margem. Implantada a república após 509 a.C., os romanos anexaram Trastevere por razões estratégicas. Um número crescente de pescadores que dependiam do rio para a sua subsistência passaram a morar no bairro. Imigrantes do oriente romano, sírios e judeus escolheram também o local para iniciar os seus negócios.
Só em 270-275 d.C. é que as muralhas de Aureliano integraram Trastevere como parte integrante da cidade.
Provavelmente nessa época, muitos cristãos encontraram aqui lugar seguro para as suas práticas religiosas nos titulus, locais de culto, propriedade de romanos que disponibilizavam a sua casa para esses fins, depois denominados padroeiros. Portanto, as primeiras Igrejas de Roma devem ter-se situado aqui: a Titulus Callixti (Basílica de Santa Maria in Trastevere) e a Titulus Cecilae ( Santa Cecilia in Trastevere).       
No fim do século V, Trastevere passou a ter novos habitantes, ricos que precisavam de espaço para construir os seus palácios em Roma, mas os antigos habitantes continuaram a dar vida ao “rione” e o que hoje observamos são as ruas estreitas, cheias de surpresas em cada curva, para andar a pé, sem destino, apenas a descobrir pormenores, sobretudo nos inúmeros restaurantes da zona abertos a noite inteira. Rafael também deve ter por ali andado e apaixonou-se perdidamente pela filha de um padeiro moradora no nº.20 da Via San Dorotea, “La Fornarina”.
Rua estreita com casas ocre
É um bairro para ver de dia, calmamente com condições atmosféricas que não distraiam a nossa atenção. No caminho para o centro de Roma, nos telhados de algumas casas descobrem-se testemunhos de estátuas de pessoas nobres que ficaram para sempre a observar o Tibre e a Isola Tiberina.



Isola Tiberina

De noite é para estar, saborear a excelente gastronomia italiana, não necessariamente a piza que é o menu habitual do turista apressado. Os chamativos restaurantes preferem expor os produtos, seguramente para dizer que ali se come bem.
Alcachofras e pasta a chamar...
Restaurante escolhido
Trastevere tem identidade, tradição mantida e transmitida de geração em geração e quando chegamos lá sente-se uma “cultura” à parte da imperial e renascentista Roma. A sua Festa ocorre desde 1535, entre 15 a 30 de Julho, e chama-se “Noaltri” ou seja Festa de Nós outros.

… A Basílica de Santa Maria de Trastevere está inserida nesta cultura…

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